quinta-feira, 17 de maio de 2012

Apostila 1 - Flávio Almeida (UFF)

Fonte: APOSTILA DE PEDOLOGIA/ EDAFOLOGIA PROF. FLAVIO ALMEIDA (UFF)



1. História do uso do solo
Os homens primitivo viam o solo apenas como algo existente na superfície da Terra, onde se movimentavam, retiravam materiais para confecção de alguns objetos, pigmentos para suas pinturas e encontravam vegetais e animais úteis para sua alimentação. Tinham o conhecimento de onde deveriam buscar os recursos, mas não o entendimento analítico dos fatos. Eram homens errantes e sua luta pela sobrevivência pouco ou nada deve ter refletido sobre a origem e a natureza do solo.
Após a última era glacial (aproximadamente 10.000 anos atrás), a maior parte dos seres humanos começou a fixar-se e assim iniciou o cultivo de vegetais para melhor obtenção de alimentos. Aumentava-se assim o conhecimento sobre o solo, principalmente no sentido de desenvolvimento da agricultura.
As primeiras civilizações não deixaram registros históricos de seus conceitos a respeito da forma da natureza. Entretanto algumas evidências arqueológicas sugerem que desde o inicio do domínio da agricultura, o homem aprendeu que determinadas terras eram mais produtivas que outras e algumas eram mais encharcadas, arenosas ou endurecidas dessa forma os homens começaram a se aglomerar em grupos maiores perto desses solos férteis formando as primeiras sociedades.
Os primeiros documentos sobre as grandes civilizações agrícolas indicam claramente que as terras costumavam ser distinguidas de acordo com a produtividade, o que implica o reconhecimento do solo como um meio para o desenvolvimento das plantas.
Também na Grécia Antiga, Hipócrates afirmava: “as terras estão relacionadas com as plantas tal como os estômagos com os animais”. Conceito correto, uma vez que o estômago transforma os alimentos para o crescimento e a manutenção do corpo, da mesma forma que o solo transforma e sede nutrientes às plantas o que lhe permite crescer e frutificar. Há 2000 anos, Columela fez várias menções ao conceito de solo. Os romanos muitas vezes relacionavam a fertilidade do solo com a sua cor. Quanto mais escuro melhor ele seria, e essa cor era atribuída a uma espécie de substância orgânica que hoje é conhecida como húmus.
Em 1840, Justus von Liebig publicou um livro no qual provava que as plantas não se alimentavam propriamente de substâncias orgânicas, mas de elementos e compostos minerais simples, juntamente com água e gás carbônico, e que o húmus era um produto transitório entre a matéria orgânica e os verdadeiros nutrientes minerais. Suas teorias são corretas e bastante úteis para o uso de fertilizantes minerais.
Em 1877 V.V. Dokouchaiev participou de uma comissão para estudar os efeitos da seca catastrófica que havia ocorrido naquele ano nas planícies da Ucrânia. Anos depois foi designado para fazer estudos em Gorki na Rússia. Fazendo a comparação entre os estudos dos dois lugares concluiu que a diversidade entre os solos ocorriam principalmente por conta das diferenças climáticas. Verificou também que, nas duas regiões estudadas, os solos eram compostos de uma sucessão de camadas horizontais, que se iniciavam na superfície e terminavam na rocha subjacente.
Ele estudou e interpretou essas camadas como resultantes da ação conjunta de diversos fatores que deram origem ao solo, entre os quais o clima, e verificou que cada tipo de solo poderia ser caracterizado pela descrição detalhada das mesmas.
Dokouchaiev foi capaz de estabelecer assim as bases da ciência do solo. Ele reconheceu o solo como um corpo dinâmico e naturalmente organizado que pode ser estudado por si só, tal como as rochas, as plantas e os animais.



2. Pedologia como ciência do solo:
Na ciência do solo, como em qualquer outro ramo do conhecimento natural, surgem subdivisões ou especializações, pois o objeto de estudo passa a ser analisado de diversas maneiras e diferentes pontos de vista.
O termo edafologia é algumas vezes usado como sinônimo de pedologia aplicada ao estudo do solo, visto como o meio onde se cultivam as plantas. No Brasil, a ciência do solo se subdividiu em: Fertilidade, Química, Física, Microbiologia, Manejo Agrícola do solo, etc.
A pedologia faz o estudo do solo dentro de seu conceito total, básico e essencial. O pedólogo tem tanto na camada superficial do solo como pelas outras camadas que o formam, procurando entender o processo de formação que essas camadas sofreram ao longo do tempo (pedogênese).
A Pedologia tem a visão do solo como algo dinâmico que teve sua formação iniciada a partir de uma rocha que se desagregou mecanicamente e se decompôs quimicamente, até formar um material solto que, com o passar do tempo, se espessou, modificando-se e individualizando-se.



3. Conceitos e Funções do solo:
O solo por definição é sinônimo de qualquer parte da superfície terrestre. Sua interpretação, no entanto é variante de acordo com a abordagem do estudo aplicado a ele, por exemplo: Geólogos podem entender solo como uma parte de uma seqüência de eventos geológicos no chamado “ciclo geológico”, já para um Engenheiro de Obras, normalmente ele é parte da matéria prima para a construção de aterros, estradas, barragens e açudes; Ecólogos vêm o solo como uma porção do ambiente condicionado por organismos vivos e que, por sua vez, influencia esses organismos.
O pedólogo encara o solo com atenções diferentes e, antes de tudo, como um objeto completo de estudos básico-aplicados, usando método científico de induções e deduções sucessivas. Para ele, solo é a coleção de corpos naturais dinâmicos, que contém matéria viva, e é resultante da ação do clima e da biosfera sobre uma rocha, cuja transformação em solo se realiza durante certo tempo e é influenciado pelo tipo de relevo.
3.1 Funções Ecológicas do Solo:
O funcionamento da pedosfera é fundamental para a manutenção da vida no planeta. Plantas clorofiladas precisam de energia solar, gás carbônico, água e macro e micro nutrientes. Com raras exceções tanto a água como os nutrientes só podem ser fornecidos através do solo, que assim funciona como mediador, principalmente dos fluxos de água entre a hidrosfera, litosfera, biosfera e atmosfera. Dessa forma podemos afirmar que o solo juntamente com o substrato rochoso influencia a qualidade da água que usamos.
As plantas alem de consumirem água, oxigênio e gás carbônico, retiram do solo quinze elementos essenciais a vida, dos quais seis são absorvidos em grandes quantidades, designados de macronutrientes: Nitrogênio, Fósforo, Potássio, Cálcio, Magnésio e Enxofre.
Os outros usados em menor escala denominados micronutrientes são: Boro, Cloro, Cobre, Ferro, Manganês, Molibdênio, Níquel, Cobalto e Zinco. Além desses existem outros elementos considerados benéficos (silício, sódio, selênio e etc.).
As quantidades têm de ser balanceadas, as formas disponíveis e o ambiente em padrões favoráveis de temperatura, umidade e aeração. Quando isso ocorre diz-se que o solo é fértil e mais especificamente em relação aos nutrientes minerais, “quimicamente rico”.
A maior parte dos nutrientes existentes no solo origina-se dos minerais que constituem as rochas, na camada mais externa do globo terrestre conhecida como litosfera. Além disso, os nutrientes nelas contidos não poderiam ser absorvidos pelas plantas enquanto estiverem firmemente retidos na estrutura cristalina de seus minerais.
Para que as raízes possam crescer, e os nutrientes contidos na rocha desprendidos e disponibilizados, a natureza dá início e continuidade, aos importantes processos de intemperismo.





REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
1- Lepsch, Igo F.; Formação e Conservação dos solos, oficina de textos, 2002

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