quinta-feira, 17 de maio de 2012

Apostila 2 - PRINCÍPIOS DA FORMAÇÃO DOS SOLOS

APOSTILAS DE PEDOLOGIA – PROF. FLAVIO ALMEIDA (UFF)



UNIDADE 2 – PRINCÍPIOS DA FORMAÇÃO DOS SOLOS

2.1. CICLO DAS ROCHAS:
São conhecidos na natureza três tipos de rochas: Ígneas ou Magmáticas, Metamórficas e Sedimentares.
Rochas Ígneas ou Magmáticas: são as rochas que são originadas da consolidação do magma, sendo que através de sua textura podemos identificar o processo pelo qual foi formada. Quando a consolidação do magma ocorre dentro da crosta terrestre, de modo que o resfriamento seja lento dando condições para que os cristais se desenvolvam sucessivamente, as rochas originadas deste processo são denominadas rochas plutônicas ou intrusivas. Em condições onde ocorra o extravasamento do magma na superfície, passando do estado liquido para o gasoso num pequeno intervalo de tempo, as rochas originadas serão denominadas rochas vulcânicas ou extrusivas, cuja textura será vítrea, como conseqüência do pequeno intervalo de tempo que impossibilita a cristalização dos minerais.
Rochas Metamórficas são assim chamadas porque se originam da transformação de rochas magmáticas ou sedimentares por processos que alteram a organização dos átomos de seus minerais. Surge, então, uma nova rocha, com outras propriedades e, às vezes, com outros minerais; muitas rochas metamórficas se formam quando rochas de outro tipo são submetidas a intensas pressões ou elevadas temperaturas. Quando, por exemplo, por mudanças ocorridas na crosta, uma rocha magmática é empurrada para regiões mais profundas e de maior pressão e temperatura, alterando a organização dos minerais.
Rocha sedimentar é um tipo de rocha das mais abundantes na superfície de nosso planeta. São denominadas rochas sedimentares por serem constituídas de sedimentos, que são as inúmeras partículas de rocha, lama, matéria orgânica, podendo até mesmo possuir em sua composição restos corpóreos de vegetais e animais. Quando toda esta matéria é transportada e acumulada em um determinado local, sofrendo ação da temperatura (frio ou calor), ocorre o fenômeno da diagênese ou litificação, ou seja, a transformação de sedimento em rocha. Os locais mais comuns para a ocorrência do processo são os lagos, baías, lagunas, estuários, deltas e fundo de oceanos.
· Rochas sedimentares detríticas – predominantemente constituídas pelos detritos de outras rochas, resultante do processo conhecido como “meteorização” de outras rochas já existentes. As sedimentares detríticas apresentam-se de duas formas, podendo ser a) não consolidadas, como depósito de balastros, areias, siltes e argilas, e b) consolidadas, formadas pela consolidação destes mesmos sedimentos detríticos por diagênese.
· Rochas sedimentares quimiogênicas – originárias do processo de precipitação de minerais em solução. Neste grupo temos o calcário, o gesso e o sal-gema.
· Rochas sedimentares biogênicas – são rochas constituídas de sedimentos de origem biológica, resultado dos restos físicos de seres vivos ou resultantes de sua atividade. Exemplos de rochas sedimentares biogênicas são o calcário e o carvão.





2.2. PROCESSOS DE FORMAÇÃO DO SOLO

As rochas da litosfera, se expostas à atmosfera, sofrem a ação direta do calor do sol, umidade das chuvas, crescimento de organismos, dando início a processos dos quais decorrem inúmeras modificações no aspecto físico e na composição química dos minerais. A esse processo damos o nome de Intemperismo ou Meteorização, fenômeno responsável pela formação do material semiconsolidado que dará início à formação do solo.
O intemperismo pode se manifestar pela decomposição e alteração do tamanho e formato dos minerais, denominado Intemperismo Físico ou Desintegração. Outra forma de manifestação é através da modificação da composição química, denominado Intemperismo Químico ou Decomposição.
Após a sua alteração a rocha recebe o nome de Regolito ou Manto de Intemperização, porque forma uma camada que recobre as que estão em vias de decomposição. É na parte mais superficial do Regolito que se dá a formação do solo.
A maior parte das rochas originam-se em grandes profundidades e sob condições de temperatura e pressão elevedas. Quando expostas a atmosfera e a diferentes condições de umidade, temperatura e pressão surgem fendas (mediante a variação da dilatação térmica). Como a maior parte das rochas é constituída de mais de um mineral, com coeficientes de dilatação diferentes, essas variações de volume fazem surgir inúmeras rachaduras, que abrem caminho para o intemperismo químico, através da água e dos organismos que penetram essas fendas.
O intemperismo químico tem como seu principal agente a água, com o gás carbônico nela dissolvido, sua intensidade de ação é diretamente proporcional ao aumento da temperatura. Podemos dizer então que quanto mais úmido e quente for o clima, mais intensa será a decomposição dos minerais que compõem as rochas. Em regiões de clima mais seco ou onde existe escassez de água, o intemperismo físico é mais forte, pois a umidade do ar funciona como uma reguladora térmica (devido ao calor específico da água), de forma que a variação de temperatura nesses lugares é muito brusca, o que aumenta a dilatação e contração térmica dos minerais, originando as já mencionadas fendas e rachaduras.
As reações químicas provocam, na maior parte dos minerais, transformações que desmantelam o arranjo original dos cristais e, em conseqüência, desprendem alguns dos elementos químicos que estavam retidos na sua estrutura inicial. As reações químicas mais importantes em termos de solo são:
· Hidrólise: ataque, pela acidez da água, nas estruturas dos cristais; · Oxidação: desintegração de minerais mais comumente possuem ferro mais solúvel (Fe2+) e móvel, transformando-o em óxidos pouco solúveis; · Redução: o oposto da oxidação; o ferro no estado menos solúvel (Fe3+), é dissolvido; · Solubilização: dissolução completa (como, por exemplo, a da rocha calcaria, que pode formar cavernas)





Dentre os principais elementos liberados nesse processo,estão os quimicamente denominados metais básicos: Na, K, Ca, Mg; os quais, depois de destacados no interior dos minerais primários, são fracamente retidos na superfície de algumas das pequeníssimas partículas dos minerais secundários e do húmus. Nessa situação esses minerais estão em condições de serem cedidos para as raízes quando essas precisarem.

As partículas de argila e húmus, que são de pequeno tamanho (menor que 0,002 mm)estão dentro do que, em química, se denomina colóides. Ao redor delas, alguns nutrientes são adsorvidos com intensidade um pouco maior que outros. O Ca, Mg, K, por exemplo, tem maior afinidade por esses colóides que o Na, sendo então este último, por isso mais facilmente removido pelas águas que infiltram e percolam no solo. São justamente os três primeiros que estão entre os principais macroelementos essenciais para o crescimento das plantas. Por outro lado, as águas dos mares, repositório universal de tudo que foi lavado dos solos dos continentes são mais ricas em sódio do que em cálcio e magnésio.





2.3 - BIBLIOGRAFIA:
1- Lepsch, Igo F.; Formação e Conservação dos solos, oficina de textos, 2002;
2- Curi, N. et al. – Vocabulário da Ciência do Solo – Campinas, Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, 1993.

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